Prosa poética publicada no site Zona Crítica A luz do conhecimento se insinua trêmula numa fala que vem dos deuses até os mais frágeis humanos. E cai sobre mim, que escrevo estas palavras do mais fundo buraco em que estou. Ao canto, em silêncio, sussurrando com uma vela acesa na mão. É aqui que eu,… Continuar lendo John Keating, um poeta morto
Categoria: prosa poética
O que fazer quando você não sabe do que escrever
Coluna semanal no Fashionatto Definitivamente isso já ocorreu com inúmeros humanos mundo afora. O terrível vazio não no espaço, mas nesse bloco branco que chega a sufocar porque dele não sai ficção. As ideias estão até anotadas, as premissas estão lá de possíveis personagens, mas e o clímax? Qual é a motivação do enredo? Não… Continuar lendo O que fazer quando você não sabe do que escrever
Mulheres da Alemanha e Alsácia | Um passado de roupas preservado
Coluna semanal no Fashionatto Os móveis de mogno, a toalha de renda branca pura repousando na mesa que ela costumava colorir com os vegetais colhidos da horta e de onde observava a mãe cozinhar, suar diante da panela enorme que mexia com paciência. Era surpreendente ainda ter lembranças tão vívidas agora que já era avó… Continuar lendo Mulheres da Alemanha e Alsácia | Um passado de roupas preservado
Galhos a dançar
Coluna semanal no Fashionatto Há uma árvore lá na esquina que por sorte não caiu doente. Em tortuosa dúvida ela se inclina diante do passante sorridente. As mais novinhas espirram com o frio de junho, caindo no gramado suas pinhas, elas se encolhem com o vento soturno. Já a árvore da esquina prefere a sua… Continuar lendo Galhos a dançar
Me vê uma colher de surrealismo
Nesta manhã eu tomei uma colher de surrealismo. Misturado ao cereal e ao leite cândido, os floquinhos coloridos do surrealismo se dissolveram e me puxaram para aquela piscina branca. O surreal brincava com a rima do cereal, como uma palavra atrevida que sabia o sentido engraçadinho que podia provocar no ouvinte. Com o coração agitado,… Continuar lendo Me vê uma colher de surrealismo
Brancos e plásticos
Há mais de seis meses, passei de ônibus em frente a um caminhão parado na calçada de um shopping na Paulista, à noite. Mesmo sendo tão rápido, é surpreendente perceber que essa cena se mantém fresca na memória, por talvez ser fria, cruel, misteriosa. Eram pernas empilhadas, de manequins femininos e masculinos. A porta aberta… Continuar lendo Brancos e plásticos
Fantasmas
Móveis têm alma. Manifestam a dor quando emperram. A maçaneta cai em revolta, o parafuso se solta em cansaço, exigem de nós um empurrãozinho para se mexerem, a força que eles não têm. Porque a porta sente dor no corpo, tentando acomodar a alma carregada de saudade. A porta não quer se fechar diante da… Continuar lendo Fantasmas
São Paulo, um labirinto
Acordei com a vontade de reformar a cidade. Nada de tirar pessoas de suas casas, trocar pelo moderno e fazer a rua como eu quero. Não, as pessoas sairiam de suas casas, mas não rumo ao abandono. Só com o ponteiro do relógio guiando-as para as ruas, buscando a humanidade que transbordaria de cada junta dos paralelepípedos. Derrubaríamos muros ilusórios… Continuar lendo São Paulo, um labirinto
Pés suspensos em devaneios
Hoje, André acordou diferente. Os pés formigavam quando levantou da cama. Parecia que não era mais um adolescente. Olhou-se no espelho, a barba por fazer o tornava mais adulto, mas não era isso. Os pés formigavam, o coração disparava. Pode-se dizer que era um dia comum. André descia as escadas, sentava-se na mesa, cortava o… Continuar lendo Pés suspensos em devaneios
Multidões no cofre
Chega o momento em que se conta os amigos. Contudo, esse momento é indeterminável. E, infelizmente, não se pode dizer que esse gesto irá cessar alguma vez em sua vida. Mesmo assim, há aqueles que você sabe que ficarão ao seu redor. Separa-os daqueles que são companhias efêmeras. As pessoas que viu uma vez ou… Continuar lendo Multidões no cofre