Vivi um dia secular De ver van escolar Amarela em sonho floril Guardar os mortos De uma doença vã e febril. Poema escrito por mim baseado na notícia de que vans escolares vão funcionar como carro funerário na pandemia. E há quem ache que a situação não é de desesperar.
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Um ano de isolamento
Completamos um ano de quarentena. Uma estranheza desequilibrada, pendular, oscilante: entre estar aliviada de estar viva e sentir o desamparo num país abandonado; as tristezas e vazios, numa simples mudança de cômodo, buscando alguma ocupação e sentido dentro de casa. O peso diário da efemeridade da vida. Escrever, estudar, ler nesse cenário me remeteu constantemente… Continuar lendo Um ano de isolamento
Pinguins sob as luzes da cidade
créditos: Tobias Baumgaertner Em 2020, a foto vencedora do prêmio Ocean Photography Awards, pelo fotógrafo Tobias Baumgaertner, foi um registro incomum e delicado sobre o luto. Depois de passar três noites observando uma colônia de pinguins, a surpresa dessa foto revelou dois pinguins viúvos, separados da multidão, um macho e uma fêmea, reconfortando um ao… Continuar lendo Pinguins sob as luzes da cidade
Passagem do ano, de Carlos Drummond de Andrade
O último dia do anonão é o último dia do tempo.Outros dias virãoe novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.Beijarás bocas, rasgarás papéis,farás viagens e tantas celebraçõesde aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfoniae coral,que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,os irreparáveis uivosdo lobo, na solidão. O último… Continuar lendo Passagem do ano, de Carlos Drummond de Andrade
Entre a pluma e o coração
Antes de adentrar no recolhimento forçado da longa quarentena em que estamos, eu me vi entre os egípcios. Na exposição de arte do CCBB, flanei pelas suas esculturas em honra da morte e da passagem, maravilhada pelo codex estendido tal qual um lençol de manchas de um passado longínquo, o Livro dos Mortos. A deusa… Continuar lendo Entre a pluma e o coração